Uma versão dos anos 60 do séc. XX
«Diz a lenda que uma pastorinha de Santa Maria de Aboim, em certo dia, contrariando o costume, não esperou pelas companheiras e seguiu mais cedo com o seu rebanho para o monte da Lagoa.
Repentina e surpreendentemente caiu sobre a serra um nevão tão intenso que a pastorinha perdeu de vista as suas ovelhas.
Depois de muito procurar foi encontrar o rebanho abrigado sob um escalheiroque, nos seus ramos, abrigava uma imagem da Virgem que a jovem pastora, maravilhada, guardou sob as abas do seu mantéu, escondendo o surpreendente achado das suas companheiras que entretanto se acercavam.Pedindo-lhes que vigiassem o seu rebanho, a pastorinha dirigiu-se para o povoado. Chegada a casa colocou a imagem no cesto das fusadas e rezou Avé-marias sem conta até cair em sono profundo, sonhando que a Virgem lhe pedira para que a sua imagem fosse guardada em capelinha junto ao local da descoberta.
Ao despertar, a pequena pastora, preparando-se para continuar a reza, constatou que a imagem havia desaparecido. Pesarosa, voltou para o monte na esperança de encontrar Nossa Senhora que a menina acabou por avistar junto ao mesmo escalheiro.
“Não chores porque cedo me verás todos os dias”, revelou a Virgem que, para converter o povo da sua aparição, manteve o lugar coberto de neve até ser construída uma ermida que, graças à generosidade do povo, logo se transformou em santuário extraordinariamente concorrido.
Ó Senhora da Lagoa
Viradinha pró nascente
Os milagres que fazeis
Trazem aqui toda a gente»
Versão de Leonídio de Abreu (investigador bracarense), publicada no Jornal “O Povo de Fafe”, 29 de Agosto de 1964.