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06/11/2021

O CONCELHO DE FAFE NO MINHO PITTORESCO DE AUGUSTO VIEIRA 1886





O "coração da vila de Fafe" 
Gravura inclusa na publicação



























FAFE

É moderna a vila deste nome, pois data apenas de 1840, mas não assim o concelho, a que já D. Manuel deu foral em 1513, chamando-se então de Monte Longo. Se quiséramos buscar mais títulos de antiguidade de Fafe, encontrá-lo-íamos e indubitáveis, quer entroncando a origem do seu nome no do rico homem e alferes mor do conde D. Henrique, D. Fafes Luz – princípios da monarquia – quer investigando do período romano, já devassando mesmo a nebulosa escuridão dos tempos pré históricos à luz de mais que um documento coevo dessa idade, como seja por exemplo o menhir de Cepães ou a estatua de Santo Ovídio.

Mas quer o leitor saber a minha opinião a este respeito? É que deixemos esse conspícuo assunto para o Sr. Vilhena Barbosa, se s. ex.ª quizer encarregar-se dele na sua alta competência, e que vamos nós ambos por estas estradas fora ouvir no rosicler da  madrugada cantar a cotovia, nas luarentas noites o gorjear dos rouxinóis. Isto sem enternecimentos líricos, que não é para pieguices esta boa terra, cujo nome instintivamente traz a ideia aquele esplêndido tipo do Morgado, que fez por tanto tempo as delicias das plateias, em que nossos pais eram janotas… bécarre, - como hoje diz que não quer passar por tolo perante a civilização… boulevardiére.

Olhe, meu caro, esta boa terra de Fafe é assim : pão pão, queijo queijo – portuguesa de lei, hospitaleira, franca até à rudeza e capaz também de pôr um bom cacete de cerquinho, a sua justiça deles, onde el-rei não haja posto a sua própria.

E é que a espada vai na burra, e nada por isso de contrariar a altaneira Fafe. Mas é de simpatizar, não é verdade?

Eu, de mim, quando ao regressar de Basto, em uma das excursões que fiz pela província, cheguei ao alto da Gandarela e avistei a larga bacia enflorada de esmeraldas, em que assenta a maior parte do concelho, paisagem onde a luz ri e a água brica, tive a compreensão dessa alegria máscula e saudável, deparando no vale extenso e nas montanhas rudes com o aspecto de uma natureza, que é ao mesmo tempo ubérrima e alegre, forte e expansiva. Aí tem o homem explicado pelo meio.

 

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Ao descer a Gandarela nos torcicolos, que a estrada vai abrindo por entre a urze rasteira, a freguesia rural que mais próximo nos fica é a de MOREIRA DE REI, solar, segundo cremos, do ilustre visconde deste título, que o país conhece como um dos mais intransigentes oradores parlamentares. Aí tem o leitor um exemplo vivo, do que lhe disse ainda há um instante, - a representação do meio pelo homem. Veja se o visconde de Moreira de Rei, expondo chãmente e sem papas na língua os vícios da administração pública, não é o que se pode chamar um português à antiga, como os seus patrícios de Fafe, de quem ele tem sido tantas vezes o genuíno representante em cortes. Moreira chamada do rei, por ter sido couto do monarca, tendo os privilégios das tábuas vermelhas de Guimarães, foi antigamente vila a que D. Afonso Henriques deu foral e D. Afonso II confirmação em 1217. É uma terra fértil e abundante em caça, sendo um dos ramos mais prósperos da sua indústria o da criação dos gados.

 

Ao norte confronta com VÁRZEA COVA, sua companheira na industria da criação e engorda do gado bovino, para o que muito se presta a sua situação em vale cortado pelas nascentes do Vizela. A esta indústria deve decerto Várzea Cova a sua prosperidade, pois quase tem aumentado em dois terços a sua população desde 1768 aos nossos dias. Pelo sul limita Moreira de Rei com a paróquia de S. GENS, cuja matriz o leitor ali vê à nossa direita, oculta pelas sombras das oliveiras, que mal deixam perceber a torre de tres campanários, orientada para aquele outeiro escalvado, que lhe fica em frente, enquadrado em muros de alvenaria a capela da Senhora do Socorro, uma das mais festejadas pelos fafenses no período alegre das romarias, o Agosto. Esta matriz de S. Gens era a igreja de um mosteiro antigo de monges beneditinos, fundado por D. Rodrigo Forjaz. D. Afonso Henriques o deu aos cruzios, e no tempo dos comendatários o prior João de Barros à colegiada de Guimarães, que aí ficou apresentado o vigário.

 

Neste ponto a serra principia a dizer adeus ao rosmaninho e à urze, e vai cobrindo as calvas extensíssimas com maciços de arvoredo e logarejos povoados. Justamente atravessamos neste momento um desses; é o da Pica de QUINCHÃES, freguesia cujo presbítero se avista próximo, mal dominando a cúpula das uveiras enfestoadas e das oliveiras sombrias, que lhe vedam quase o panorama do vale.

Passamos em frente do santuário ou capela da Senhora do Socorro, que o voltear da estrada parece aproximar de nós, e dispensamos a visita à freguesia de RIBEIROS, que nos fica encoberta pela colina, por sabermos de antemão que seria pouco proveitosa a colheita de notas para a nossa carteira de viagem. Transpomos em breve a Ponte da Ranha e solavanco mais, solavanco menos, eis-nos em

 

 

FAFE

 

Olhando das janelas do hotel da Vista Alegre a fisionomia da graciosa vila, que mais de perto vamos analisar, o que aliás é fácil e se executa em pouco tempo, porque, exceptuando a parte que o leitor vê na nossa gravura de página e que é, por assim dizer, o coração de Fafe, - haja atenção ao relógio da Praça municipal que lhe marca as pulsações, - a duas ou três ruas mais e a um outro largo se reduz a topografia local.

Fazendo essa visita percebe-se bem, que vai numa fase crescente de prosperidade a velha Fafe e que o elixir da fortuna a remoça deveras; as construções particulares aí estão na sua abundância para o comprovar, tanto mais que em muitas se lê o sorriso da abastança alegre, que deve animar a fisionomia dos seus proprietários.

Os edifícios públicos, que mereçam especial menção, ainda são poucos, ou quase se limita o seu número ao belo hospital construído em 1860, no largo de D. Pedro V, e ao asilo situado na rua de D. Maria Pia. Este último, não tendo a sumptuosidade material do primeiro, não lhe é de certo inferior nos intuitos morais e isto basta, para quem deseje avaliar da civilização de uma terra. O club não falta em Fafe também, elemento de civilização que agremia em sociabilidade íntima os naturais e os adventícios, centro de recepção, onde chegam as novidades do mundo, que à noite são discutidas entre um volte de copas e um cálix de genebra. Neste meio assim preparado o jornal da terra brota espontâneo, como um nenúfar nas aguas dormentes de um lago; o club, o asilo, o município, o hospital, o passeio, a politica, formam os fios desta pequena lâmpada de incandescência, com artigo de fundo e sala de visitas para high-life da terra, que mão ousada levanta, para alumiar com intermitências hebdomadárias o caminho do progresso, em que vai encarreirado o espírito local. Ainda neste ponto Fafe não desmente a regra; aí tem na imprensa o seu órgão, a voz social, perdão, é melhor pôr a palavra no plural, visto que Fafe, politica ao ponto de escrever artigos de fundo… com marmeleiro, não poderia viver sem dois órgãos, um que fosse pelo grupo A, outro que fosse pelo grupo B.

Mas, que diabo! Os assuntos, - porque Fafe não é positivamente uma Babilónia, - esgotam-se depressa, e aí se ficam no marasmo os panfletos vigorosos da véspera, esperando, ó céus, que uma eleição venha sacudir-lhes os nervos em crispações de estilo, mais apopléctico na cor, do que o verde de Basto que nos serviam no hotel. Uma das coisas melhores que lá servem por sinal, se exceptuarmos o caldo verde primorosamente feito! E valha ao menos isso para esquecer as alcovas abafadiças e pouco olorosas, as ferroadas de vários insectos escarlates, o aceio, que falta como para animar o viajante a voltar ao seio desta frescura de natureza, esquecendo a pouca frescura das hospedarias minhotas!

Mas basta de… vistas tristes no hotel de Vista Alegre!

A tela está vivamente colorida; o quadro ressurge vigoroso de luz e movimentado largamente. Basta para isso sacrificar um pouco a cronologia e imaginar-se o meu amigo nos dias 16 de Maio ou 22 de Agosto, assistindo às feiras de ano, que têm lugar na vila. Na primeira faria um pintor animalista a sua colheita farta, estudando, esboçando as atitudes das numerosas manadas, que aí concorrem; na segunda, não menos animada, chamada a feira das cebolas por ser quase exclusivamente este o género que ali se vende, encontraria um artista esplêndidos motivos para o estudo, transportando pata o seu álbum os costumes das lavradeiras, a fisionomia risonha dos burgueses da vila ou das donas de casa que vêm fazer as suas compras, os carros enfileirados, em volta de que se agrupam os compradores, as danças, os descantes populares!

Os descantes!...

Como eles fazem especialmente deliciosa a noite da véspera, quando, baloiçada nas ondulações do luar, a alma do grande poeta, o povo, vibra em canções repassadas de sentimento, e ora soluça, ora ri, nas cordas dos violinos populares, stradivarios fantásticos, onde a inspiração nativa substitui o talento, a educação e a arte. Ah, meu amigo, perdoo-lhe o sorriso de ligeira ironia, que vejo perpassar nos seus lábios, ao lembrar-se de que eu queria apresentar-lhe talvez, como rivais de Paganini, os meus singelos tocadores de rabeca, vindos a Fafe para comerciar em cebola!

Perdoo-lhe, porque não sentiu, como eu, numa dessas estradas, que vão dar à vila, alta noite, quando a natureza dormia beijada pelo luar, a emoção misteriosa, que vem para o nosso espírito, dessa musica tão simples e ao mesmo tempo tão profunda, voz melodiosa que parece traduzir um sonho dessa vegetação que segreda na sombra, dessas correntes de agua que têm quase medo de murmurar, dessas montanhas elevadas que indistintamente se fundem no escuro!

 

 

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E agora, meu caro, para fora da vila.

É bem formosa a estrada de Felgueiras, para que de todo a esqueçamos e nas suas margens assentam povoações pitorescas, de que precisamos ter noticia.

Imagine a paisagem iluminada pelo sol de um fresco dia de Abril.

Deixa as ultimas casas de Fafe, a estrada desce, as macieiras em flor cortam, como um sorriso alegre, o verde escuro dos outeiros, e o claro esmeralda das campinas. Aí tem, sobre uma elevação, a pequenina capela de S. José e logo em baixo, quando a ponte nova salta sobre um afluente do Vizela, as aguas, que se despenham tremulas, em uma cascata formosa, os olmeiros subindo ao alto, os penedos cobertos de vegetação simulando ilhotas em agrupações tão artísticas, que a gente tem vontade de as meter na mala para adornar com elas a nossa habitação na cidade.

Á esquerda, na encosta, aparece luzente e branca a torre paroquial de ANTIME, sobressaindo como o pescoço de um cisne, ao de cima das aguas esverdeadas de um lago! E é-o, mas de vegetação esse que ondula desde a colina à ribeira, onde Antime vem dar as mãos a Fafe, se como tais quiser o leitor considerar as guardas das pontes nova ou velha lançadas sobre uma origem do Vizela.

Urge acrescentar: corroborando a união física, a união moral tem, além de todos os laços administrativos, políticos e comerciais que prendem as duas freguesias, um elemento poderoso de consolidação a garanti-la. Adivinha de certo que é o elemento religioso? Justamente; é a Senhora de Antime, da Misericórdia ou do Sol, pois pelos três nomes é conhecida, quem se encarrega de unir para a vida e… para a festa as duas amáveis visinhas. Garantia de peso aliás, porque a padroeira de Antime, de bom granito metamórfico, orça pelas suas oito arrobas, afora o andor tambem de pedra que pesa outras tantas, pouco mais ou menos!

Um doce fardo ainda assim para os oito valentes rapagões, que a conduzem, esperançados em que, tendo sido condutores da santa, serão bem sucedidos mais tarde na vida matrimonial! Dir-se-ia que é uma experiencia para avaliar o fardo pesado do casamento! E tanto mais, que apesar da sua valentia, por vezes tem acontecido ficar algum esmagado debaixo do andor e da imagem!

É no 2º domingo de Julho, leitor caro, que esse festival de confraternidade ocupa as duas freguesias. Logo de manhã se celebra missa e sermão na igreja paroquial de Antime, vindo depois a Senhora em procissão pela ponte velha até ao largo de Portugal, onde Fafe a vem condignamente receber, e onde processionalmente a vem entregar à tarde, depois de lhe haver cantado outra missa e pregado outro sermão. Este segundo encontro marca a hora fastigiosa do grande arraial, que aí se forma, e onde o leitor póde encontrar gente de todas estas redondezas, sobre que a sua vista se espalha neste momento.

Não faltam lá os de ARMIL, uma freguesia que se oculta entre os arvoredos, que nos ficam sobre a direita, nem faltam os de SILVARES, essas duas paroquias cujas igrejas vemos sobre a esquerda, a de S. Clemente, modestíssima, uma ermida quase a meio da colina, espreitando a estrada pelas duas sineiras da sua torresinha, a de S. Martinho, como se vê na fravura, um pouco mais esbelta, um agrupamento de casaria na base, um renque de pinheiros dominando-a do alto do outeiro, contra o qual parece que vai acabar a estrada.

Posto que o horizonte seja estreito, a paisagem não deixa de ser minhota; vegetação basta, aguas que serpenteiam por entre os campos de cultura, um ou outro casal de lavrador erguendo para o azul a ténue colunasinha de fumo!

Com estes elementos um traço de vigor, que vem das montanhas próximas, e que tira o amaneirado de écloga pastoril a esta natureza tão sadia e boa, tão produtiva e alegre. Mas é preciso deixar a estrada para visitar as quatro freguesias que ficam a sudoeste daquela que descrevemos e que limitam pelo sul o concelho de Fafe com o de Celorico e Felgueiras. Apreste-se, pois, o leitor para transpor montes, vales e ribeiros, se quiser conhecer SEIDÕES, uma boa rapariga da montanha, alegre na sua fertilidade, forte nos seus hábitos de caça. REGADAS, um quase nada mais selvática, mas por igual fecunda, ARDEGÃO e ARNOZELA, duas vizinhas que ora se unem para o convívio espiritual e civil, muito amigas então, anexadas mesmo sob o patrocínio do mesmo orago, Santa Eulalia, ora rivais e desunidas, ciosas cada uma da sua independência, das suas justiças e dos seus foros. Um dia, é claro, estas rivalidades desaparecerão e as duas, porque ambas são pequenas, unir-se-ão definitivamente para a vida social, como já o estão para as tristezas ou alegrias do trabalho, para os encantos da natureza solitária e agreste, entre as abas dos montes de Roço e da Esfolhada, vendo recortar-se nas linhas do seu horizonte vasto as cumeadas da Falperra, de Montim e da Pedra Quebrada, como de tantos outros ramos que nascem dos grandes contrafortes da Cabreira.

 

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Uma outra excursão, mas desta vez para o norte, tem o leitor de fazer, se pretende tomar conhecimento da zona árctica de Fafe, região ubérrima e intensamente povoada, onde o Vizela teve a poética intuição de nascer, mas onde, à falta de vias carruajaveis, há que recorrer ao clássico albardão dos cavalos de alquilador, quando se não tenha coragem e boas pernas para, com auxilio de um simples pau ferrado, fazer esse passeio um poucochinho longo.

Leitor, vamos nós a pé?

Não custa nada, percebes, agora que tens diante de ti o alinhamento corecto do tipo impresso, e talvez até que seja mais divertido.

Pela margem do Vizela, ou da mais importante das suas origens, corre para Aboim, distanciada do rio sensivelmente um quilometro, a velha estrada, que atravessava e servia deferentes povoações, pondo-as em comunicação com Fafe. É por essa artéria do antigo concelho de Monte Longo, que ambos vamos jornadear, não prometendo segui-la em todas as suas sinuosidades e barrancos, já porque seria enfadonho e atentatório contra a nossa liberdade de touristes,  já porque o rio vai por vezes no vale tão próximo das povoações, que melhor que a estrada nos é guia seguro neste meandro ajardinado, em que há sombras de arvores e raparigas alegres, murmúrios tímidos de Arroios e rouxinóis que trovam nos loureiros. Um edilio, que apenas uma vez por outra a paisagem rude substitui, como para tornar mais agradável o contraste.

É sem fadiga que chegamos a MEDELO, e vergoinha seria que assim fosse, visto que não andámos ainda senão uns dois quilómetros. Nada tem de notável a freguesia, a não ser talvez o nome, em que se póde ver uma origem árabe, significando medello, pequena cidade, de que aliás não existe sequer a tradição.

VINHÓS, uns dois quilómetros adiante, fresca e risonha como uma rapariga de vinte anos, parece esperar que lhe chegue de REVELHE o noivo apetecido, o trovador de viola chula, que mais que nenhum lhe enternece a emotividade dos sentidos, algum rapaz afeito às rudezas da  caça, - abunda, segundo nos informam, nos montados próximos, - algum lavrador com boas terras de pão, pois é fértil e rico neste sentido tambem o produtivo terreno de Revelhe.

ESTORÃOS é outro ponto de paragem; basta visitar a Mourisca, a sua principal herdade, a um Quilometro e meio do Vizela, para se conhecer quanto vale em fertilidade a mimosa freguesia. O nome de Mourisca é porventura uma tradição árabe, quem sabe se ligada a algum drama de amores, à existência de algum sonho oriental que entreabriu a corola perfumada debaixo deste azulino céu, para logo mergulhar, como as mouras encantadas, nas aguas do rio para atingir ao menos o lugar do Souto, o principal da freguesia. O nome parece traduzir a rudeza da aldeia; seja por isso ou não, o facto é que a sua população, pouco numerosa, como que testemunha a crueza do clima e as ingratas condições do solo. O mesmo sucede à sua vizinha FELGUEIRAS, que na estrada para Aboim encontramos; é a menos povoada de todas as do concelho.

GONTIM pouco adianta. Modestíssima e pobre, a situação do seu pricipal lugar, quase diríamos único, atendendo a que nenhum outro de importância por aí existe, é próximo da velha estrada que nos conduz à antiga freguesia de ABOIM, acantonada entre dois montes, vertentes da Cabreira, mais inclinada já para a bacia do Ave do que para a do Vizela, que no seu território adquire as suas primeiras origens. Pertenceu ao antigo concelho de Cabeceiras de Basto, e passou a Fafe em 1853. O que de mais notável há em Aboim para ver é sem dúvida o templo da Senhora da Lagoa, se não pelo que interiormente vale, ao menos pela vastidão do horizonte que daqui se desfruta. Da imagem, diz a lenda ter sido achada por uns pastores que andavam neste monte de Aboim, e do que ela hoje vale em devoção dizem-no as concorridas romagens que aí vão de muitas das terras dos concelhos de Fafe, Lanhoso e Cabeceiras. Chegados a esse píncaro da serra de Maroiço, para poente vamos seguir, até que em Freitas encontremos a estrada que de novo nos há-de conduzir à vila. É árdua a empresa, mas não mais do que o foi para chegar até este ponto.

S. MIGUEL DO MONTE, aí está já encoberto pelas suas carvalheiras e pinhais, rude, silvestre, debruçando-se sobre a altíssima varanda da montanha, vendo o Ave a deslizar lá em baixo e as veigas da Póvoa de Lanhoso a sorrirem além na sua ferocíssima cultura. No seu lugar de Luilhas, informa Pinho Leal, ter uma rapariguita encontrado, no ano de 1880, uma nascente de água mineral, emergindo de rocha, a qual o povo diz ser eficacíssima para a cura de moléstias cutâneas. O povo, na sua credulidade supersticiosa, chama-lhe já os banhos de S. Silvestre, por acreditar que aí próximo esteja enterrado o santo; o sitio, apesar da sua aridez, é já concorrido na estação balnear, formando então como que um acampamento provisório. Vizinha de S. Miguel do Monte fica a populosa QUEIMALELA, freguesia cuja antiguidade ascende até aos princípios da monarquia, mas nem por isso menos remoçada e alegre na sua vegetação fecundíssima.

Vão-se amortecendo as ravinas agudas da montanha; o Ave corre em baixo, plácido e dormente, e a frescura dos vales substitui a urze dos elevados píncaros. Assim nos aparece AGRELA, numa deliciosa situação, mal chegando a gente a persuadir-se que este mesmo límpido sorrir da natureza presenciasse em 1846 um desses dramas sanguinolentos, que tanto perturbaram o nosso desgraçado país. Lancemos um véu sobre as atrocidades cabralinas  que se praticaram neste sitio, e tomemos depressa o caminho de SERAFÃO, onde está já em construção a estrada que vai ao santuário de Porto de Ave e pela qual descemos a FREITAS, depois de rodear o monte do Fojo. É aí o solar dos Freitas… mas toda a heráldica que íamos neste momento inventariar, fugiu espantadiça perante uma voz argentina que se levantava de entre os milheirais e que mais prazer temos em ouvir, do que em recordar quantas estrelas de ouro em campo de púrpura os Freitas tinham no seu brasão.

Numa toada amorosa, essa enamorada, - que o é por certo e que se pressente acompanhada, - diz na sua voz de prima-dona de aldeia:

Por mais que meus olhos busquem

Onde entregue o coração

Não há olhos que me agradem

Como são os de João.

 

O patife, na outra orla do campo, assim lisonjeado por aquela confissão à queima-roupa, vai apanhando vagarosamente o pendão do milho, como quem está certo da conquista:

 

Ó minha linda pombinha

Toda ternuras e ais

Tu sabes de quem eu gosto

Escusas de dizer mais.

E nesse desafio vão os dois aproveitando o tempo, e deixando falar o coração, o musculo talvez que por ser oco mais se parece com a laringe, na expressão sonora dos cantares amorosos. Pan, o deus alegre das florestas, que te conte o resto, meu amigo, se por acaso desejas saber no que terminou esse fasear de rouxinóis em plena liberdade, novos ambos, e sob um céu cálido de Agosto.

A minha missão é a de fazer parar em TRAVASSÓS, ou Travaços, para aí te referir a sua antiguidade, superior à da monarquia, e acrescentar que foi aqui o solar dos Travaços, contemporâneo de D. Sancho I e D. Afonso II; senão para isto, ao menos para te fazer a história de um testamento, cujo legatário, desta freguesia natural, deixou aí o seu nome gravado nas letras do ouro mais indelével, que jamais a posteridade esquece. Foi em 1874 que faleceu em Lisboa António Joaquim Vieira Montenegro, natural deste concelho e freguesia, negociante no Rio de Janeiro, onde o seu testamento foi aberto. De entre os legados que aí se encontram avultam, entre outros, os seguintes: 2:000$000 réis para o hospital de Fafe, 14:000$000 réis à câmara municipal para mandar construir um asilo para meninas pobres do concelho, e 7:000$000 réis para edificar em Travassós uma casa para escola do sexo masculino.

Se no mundo de além túmulo pudera sorrir esta alma como seria de infinito prazer o seu sorriso ao sentir chegar até si o coro abençoado, que nesta alegre estação, aberta à locomotiva do futuro, soltam os pequenos operários na soletração do a b c.

Que o exemplo frutifique e o espírito dos que podem, se inunde destes momentos de imaculada alegria, tal foi o desejo expresso em nossa alma, quando avistámos essa casa cor de rosa, enfestoada de trepadeiras, onde o nome de um benemérito luz, como estrela inextinguível, na formosa via láctea da civilização. Com o cérebro assim docemente comovido, a gente mal repara na importância de Travassós, na sua indústria de chapéus de palha tão largamente disseminada, e quase até nas freguesias próximas, especialmente em VILA COVA, que nos fica perto e na graciosa S. VICENTE DE PAÇOS, cujo campanário mal se divisa na colina fronteira, assoberbado pela vegetação que o rodeia.

Em Paços está a casa do Ermo, de que foi fundador o capitão de Malta e abastado proprietário Rozendo Lopes, pai dos Vieiras de Castro, que tanto se nobilitaram  nas campanhas da liberdade, sendo Antonio ministro em 1836, José tenente de voluntários durante o cerco do Porto e Luiz desembargador da Relação, depois de haver pertencido ao batalhão académico. Este ultimo era o pai do desditoso Vieira de Castro, esse formosíssimo talento, que a morte roubou depois de ter sido antes apunhalado pelo infortúnio.

Estamos chegando à vila de FORNELOS quase nos esquecia! A culpa é dela também, que não sabe fazer falar de si e que nem ao menos tem a amabilidade de vir poser diante do viajante, que percorre a estrada que vem de Travassós.

E eis-nos outra vez no Hotel da Vista Alegre, onde nos resolvemos a não descansar o pão-de-ló de Fafe.

 

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A estrada para Guimarães é um encanto, e com uma feiticeira de ordem tal não há tréguas a conceder ao músculo que se fatiga! Veja aqui já ao sair de Fafe, como estas ruas Formosa e de Baixo formam um delicioso boulevard, ornamentado com as suas vivendas esmeradas e graciosas, de onde a onde espreitando por entre as uveiras em festão! Depois a posição pitoresca da capelinha de Santo Ovídio, que figura em uma gravura nossa, tirada do lado da Ponte de Bouças, convidando a uma romaria folgasã, senão que, para os que forem estudiosos, a trabalhos sérios de investigação, pois se tem encontrado aí antiquíssimos objectos do mais importante talvez dos quais, uma estatua calaica, está de posse o distinto arqueólogo dr. Martins Sarmento. Aqui temos já Vilar, pertencente a GOLÃES, onde se festeja pomposamente o S. Lourenço, aquele que diz o anexim:

 

Por S. Lourenço

Vai à vinha

E enche o Lenço

 

 

Sinal de que a uva amadurece e que para breve estão as alegrias da colheita.

Lá está a igreja paroquial na encosta à nossa direita, vendo em baixo deslizar o Vizela no fundo desta bacia atapetada de arvoredo, tão denso e tão basto, que mal se ente vêm os casais, dispersos pela colina. Foge-nos depressa o encantador valesito, mas nem por isso nos foge esta luxuriante vegetação do Minho; parece que vamos caminhando por entre um canal de verdura, e quando queremos, no fim, apanhar outra vez o golpe de vista dessa formosíssima bacia, a encosta, melhor, as suas paredes, são as que logramos ver, coroada a do sul pelo cemitério novo de CEPÃES, cujo eremitério fica um pouco mais na baixa, ao lado desse Vizela, que vai passando, cada vez mais formoso, o patife, sorrindo ironicamente talvez, dos lamentos com que Cepães chora a sua perdida honra, - sem trocadilho, porque o foi antigamente, sendo donatários os condes de Unhão e tendo até por isso o seu juiz ordinário e dos órfãos, chegando D. Afonso III a dar-lhe foral em Março de 1251. O leitor sabe também já, que se Fafe póde entrar pela pré historia dentro, assim como quem entra por sua casa, o deve em parte a esse monumento megalítico de Cepães, o menhir, a que se referem alguns arqueólogos nossos, entre eles Filipe Simões e Pereira da Costa. Os frades bentos de Pombeiro eram os que em Cepães apresentavam o vigário, padroado que lhes não rendia menos de 300$000 réis, produto dos dízimos da freguesia. Diz Pinho Leal, que a causa disso fora o estar sepultado em Pombeiro o conde de Barcelos, D. João Afonso de Albuquerque, pai e sogro do infante D. Afonso Sanches; mas é de acreditar que esta doação venha de mais longe e seja compreendida talvez naquela que a rainha D. Tareja, mãe de D. Afonso Henriques, fez ao convento de Pombeiro, «de quanto possuía dentro dos coutos de Avizella.»  

Assim ou não, o que parece provável é, que à vizinha freguesia de FAREJA venha o nome antes de Tareja (Teresa), do que do vocábulo árabe Taruja – prazer – segundo pensava Pinho Leal, que assim a denomina povoação do prazer. Há também, e com sólidas razoes, quem julgue ser Tareja a antiga cidade de Aufrazia, fundada alguns séculos antes de Cristo e destruída pelos árabes em 965. Um dos argumentos é a descoberta que aí se fez, nos finais do século passado, de umas setenta sepulturas de remotíssima origem. No concelho de Felgueiras teremos ocasião de voltar a este ponto, e por isso o leitor nos relevará da falta cometida agora, se falta é, pois que à sua competência especial deixando o problema para resolver. Incapazes nos sentimos para tão árduo estudo, agora sobretudo que o nosso intento de apresentar-lhe Tareja, assim à vol d’oiseau, está conseguido, enquanto vimos jornadeando por esta deliciosa estrada, de onde as suas colinas e vales mal se avistam, pois mais vizinha é a linda Tareja da estrada de Felgueiras, do que desta, em que nos encontramos.

O sitio que atravessamos neste instante é a Ribeira Nova, por onde Golães confina com S. ROMÃO DE ARÕES, cuja igreja vê o leitor levantar-se mesmo ao pé da estrada, a bela torre de dois campanários, como um binóculo de campo, espreitando toda esta nova e fresca bacia, estendida em frente do elegante cruzeiro.

Duas são as Arões, uma tendo como orago S. Romão, a outra Santa Cristina, que mal se vê da estrada. A sua situação, porém, é quase a mesma, ea sua vizinhança germana-as por isso, como os seus nomes o fazem já. Se um outro laço fosse preciso, aí o encontrava o leitor nesta via-sacra de Santo Antão, que ao passar a Portela de Arões se levanta no outeiro sagrado. Onde vem as procissões das duas freguesias homónimas. Reproduziu-a o lápis do meu companheiro de viagem, e eu sinto, leitor, não poder traduzir-lhe por igual as impressões que essa colina sagrada, alumiada por uma luz frouxa de crepúsculo, deixou no meu espírito, naquele instante, não sei por que obstinação psicológica, pensando no glorioso centenário de 1789, que vem próximo.

Dos devaneios me tirou o chocalhar alegre de umas campainhas, que vinham próximo e o estrepitoso rodar de uma diligência que passava. Era «O velocípede» que vinha de Guimarães, com quatro passageiros sonolentos, e duas lavradeiras na almofada, o tejadilho coberto de malas de couro, o cocheiro fazendo estalar a pita do chicote e a sua praga favorita!

E pois que o Velocipede passa, e breve desaparece em uma curva da estrada, quando eu transponho os últimos limites do concelho, cumpre-me aproveitar à boa e alegre Fafe.

 

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Seguem as notas, que podem dar sobre o concelho a síntese mais aproximada do seu valor económico e social.

Dois jornais representam Fafe na arena da imprensa, tendo ambos pouco tempo de existência; intitula-se um Correio de Fafe, de índole progressista, o outro Jornal de Fafe, de política regeneradora.

As suas escolas, em número de treze, vão indicadas pela forma seguinte:

Fafe (1º e 2º graus) para ambos os sexos, Arões, Cepães, Moreira de Rei, S. Martinho de Silvares, S. Gens, Pedraído, Queimadela, Serafão, Travassós (2) e Várzea Cova. A estatística do crime marca os seguintes algarismos em relação ao ano de 1880: foram 23 os crimes cometidos, sendo 3 contra a ordem, 12 contra pessoas e 8 comntra a propriedade. Os réus julgados foram 28, sendo absolvidos 14, 2 condenados a penas maiores e 12 a correccionais. Entre os 28 contavam-se 23 homens e 5 mulheres, sabendo ler 10 e sendo analfabetos 18. Um só era de fora da comarca.

 

 Sobre a pecuária do concelho diz o relatório já citado: «Segundo as informações recebidas, há pouca criação de gado bovino, vendo-se os bezerros e vitelas depois de aleitadas, aqueles para criação e estas para consumo – sabe o leitor que é afamada a vitela de Fafe – e ambos ainda de leite para este último fim, sendo mais geral comprar fora o gado já feito, tanto para trabalho, como para pensar e engordar. É pouco usual a recreação, a qual quase somente tem lugar para as rezes vindas de Barroso e Cabeceiras de Basto; a ceva ou engorda do gado bovino é também rara (hoje menos). Em Fafe, mais que em nenhum dos outros concelhos, se faz reparável a discordância entre as vacas de criação, que atingem o numero de 2.717 cabeças, quantidade que nenhum outro acusa, e o numero de 221 crias até um ano recenseadas; mas este reparo deve desaparecer ou pelo menos perder muito da importância, notando-se que em Fafe é grande, relativamente aos outros concelhos, a matança de vitelas, e que até se exportam, pela fama que têm, para outras localidades.»

O mapa da riqueza pecuária é o que segue:

 

 


Sob o ponto de vista vinícola são as seguintes freguesias as mais produtivas, segundo a memoria por vezes citada: Antime, Armil, Cepães, Estorãos, Fafe, Freitas, Golães, Passos, Ribeiros, Serafão, Travassós e Vila Cova.

Quase todo o vinho é consumido no concelho, sendo algum que se exporta substituído por igual importação dos dois concelhos de Basto. As videiras são todas levantadas em uveiras sobre as arvores que cercam os campos. As castas mais cultivadas são o azal preto, a borraçal, o espadeiro, o vinhão tinto, a tinta mole e o souzão.

Fabrica-se uma espécie de vinho, que é verde e tinto, sendo ordinariamente palhetes, moderadamente verdes e adstringentes, alguns com cheiro agradável da parra, mas todos geralmente bons. A média alcoólica é de 6,6 por cento. A vindima começa no princípio de Outubro, sendo o vinho feito em lagares de cantaria. Não há escolha, nem separação de uvas. Depois da pisa o mosto entra em fermentação, e ao segundo e terceiro dia entram por algum tempo os homens no lagar para calcar o cango, sendo ao fim do terceiro dia, quando o mosto tem perdido a doçura, que o vinho se envasilha. Na adega não se faz tratamento algum e raros são os que trasfegam. Os vinhos conservam-se até dois anos não melhorando com a idade.

O preço dos géneros alimentares é regularmente o seguinte:

Milho (alqueire) – 640 réis

Feijão (alqueire) – 600 réis

Batata (alqueire) – 340 réis

Vinho (pipa) - 15$000 réis

Galinha – 320 a 420 réis

Ovos (dúzia) – 90 réis

 

A esta pequena tabela pode o o leitor acrescentar a barateza e e abundância das frutas, a especialidade do pão de ló, e sobretudo, a deliciosa vitela, que torna Fafe uma celebridade entre os amadores da carne tenra e branca.

 

 


Lugares por freguesia

Aboim, Santa Maria

Aboim, Figueiró, Barbeita de Cima, Barbeita de Baixo, Mós, Lagoa.

Agrela, Santa Cristina

Agrela, Souto, Cabo, Vinhas, Eidos, Aldeia, Portela, Chão do Fojo, Lojas e Ribeiro Gonçalo.

Antime, Santa Maria

Assento, Porinhas, Docim, Outeiro, Cruz, Badões, Tibães, Portas, Ribeira, e os casais ou quintas de Quintã, Estris, Ribeiro, Cepeda.

Ardegão e Arnozela, Santa Marinha e Santa Eulália

Assento, Feira, Renda, Fragão, Peloale, Estrada, Abelheiro, Vila, Fundões, Ribas, Idães, Tarcio, Regedoura, Igreja, Fontinhal, Rol de Igreja, Passo, Barroco, Fonte, Castinheirinhas, Couto, Fundevila, Além; os casais de Aldeia, Abeleira, Coreigo, Outeiro, Curto, Ribas, Idães, Barroco, Tugal, Palhal, Fonte, Poço, Portela, Manlheiro, Gira, Cancela, Telhado, Covas, Chaves e a quinta do Reguingo.


Armil, S. Martinho

Souto, Retorta, Eira, Assento, Deveza, Cachadinha, Cova, Eidos, Agro, Soutinho, Abragão, Lameiro, Covo, Boucinha, Portela, Pias, Outeiro, Porfia, Vieira, Bouça, Seara, Fonte, Pitela, Sobrado, Ribadaes, Lama, Passo, Cortes, Carvalheda, Quintã, Lamelas, Bacelo, Albergaria, Mures.

Arões, Santa Cristina

Aguiar, Agrelo, Outeiro, Gaia, Ribeira de Além, Barroca, Lama, Quinta, Mata, Carvalho, Pinho, Castanheiro, Talhado, Boa Vista, Mende, Trepeço, Veiga, Capareira, Pena de Galo, Souto Novo, Aguiarinho, Boucinha, S. Pedro, Monte, Cruz, Assento; os casais de Ribeira d’Além, Gaia, Lama, Vila Pouca, Quinta, Pinhoe, S. Pedro, e as quintas e herdades de Veiga, Pena de Galo, e Aguieirinho.

 

Arões S. Romão

Bouço, Oleiros, Torre, Ferreiros, Subaco, Venda, Assento, Bouçó, Fontelo, Subtorre, Pestana, Ribeira, Lage, Estrada, Portal, Penedo, Azenha, Castanha, Traz o Paço, Quintã, Seara, Lameira, Nogueira, Pinhão, Casa Nova, Estrufans, Souto da Nogueira, Reguengo, Prelada, Outeirinhos, Crespos, Porto, Carvalhinho, Tomada, Azebral, Prendal, Outeiro, Monte, Vinha, Paulinho, Penoussos, Rego, Quinta, Carvalho, Carvalho de Lobo, Portela da Penha, Soutinho; os casais do Souto, Telhado, Cerdeira, Requeixos, Ribeira, Fonte, Fregim, Logar, Penedo, Sub-Nogueira, e a quinta ou herdade de Campo.

 

Cepães. S. Mamede

Moinhos de Baixo, Moinhos de Cima, Rans, Belide, Passo, Fonte, Sobrefonte, Barroca, Vinha, Retorta, Soutinho, Carneira, Cruz, Traganhal, Pereirinha, Boa Vista, Martins, Bacelo, Devezinha, Casa Nova, Alminhas, Retortinha, Almuinha, Cesteiro, Casa Nova do Soutinho, Soutinho, Bandões, Carreira, Além, Outozelho, Cancela, Boucinha, Telhado, Bouça, Raposeira, Pinto, Santeiro, Souto, S. Paio, Soutelo, Soeiro, Martinho, Deveza, Castonado, Nogueiras, Portela, Lage, Calçada, Pombeira, Pombeirinha, Capela, Assento, Igreja.

 

Estorãos, S. Tomé

Costa, Cabeceiros, Cabornegas, e as herdades de S. Simão, Passos, Bairro, Turnadouro, Quintela, Barroca, Lis, Fundelo, Cancela, Outeiro Alto, Quintãs, Lamas, Groiva, Estrada, Vilares, Pena Grande, Ribeira, Torre, Baceiros, Sargaça, Ermo, Outeiro, Mourisca.

 

Fafe, Santa Eulália

Compreende esta freguesia, além da vila, os lugares de Bouça (Bouças), Agrela, Fafòa, Crasto, Calbelos, Sá, Feira Velha, Concelho, Travessa Nova, Ponte da Ranha, Cham de Bouças, Santo, Seara, Corredoura, S. Gemil, Tojal, Devezinha, Portugal, Moinhos da Ponte e Ferro, Pardelhas e Assento.

 

Fareja, S. Martinho

Assento, Bacelos, Marco, Fun’devila, Areal, Moinhos de Fun’devila, Moinhos da Igreja, Moinhos da Casa Nova, Moinhos Novos, Pizão, Guimaterra, Casal, Eido d’Além, Palhaes, Loge, Padrão, Tive Quinta, Lagoas, Regato, Bouça, Montinho, Porfias, Gandra, Guntão, Monte, Portela, Cruz, Vinha de Pedra, Hospital, Paço, Pousa, Cauna, Ribeirinha, Santinho, Ribeira, Ribeira d’Além, Residencia.

 

Felgueiras, S. Vicente

Não refere lugares.

 

Fornelos, Santa Comba

Assento, Ribeiro, Barroca, Veigas, Fervença, Passô, Casas Novas, Outeiro do Casal, Carvalhal, Cima de Vila, Carvalhinhas, Val Escuro, Vinhas, Riélho, Fornelo, Via Cova, Corredoura, Torre, Quintã e luz, Panelada, Fontelho, Veiga.


Freitas, S. Pedro

Assento, Corvo, Tabaço, Portela, Paço Vilas, Estrada, Pardieiras, Tapada, Santo Antonio, Sobreira, Bouça, Botoca, Cruzinha, Boa Vista, Outeiro Alto, Vigogem, Redondo, Pinheiro, Eirinhos, Perteira, Souto de Pereira.

 

Golães S. Lourenço

Ponte de Bouças, Romeu, S. Gidos, Gaia, Barziela, Soutelinho, Fontelas, Pequite, Magurra, Vilar, Eira Vedra, Cima de Vila, Souto, Casal de Grilo, Paroquia, Subaco, Torre, Quintã, Lameiro, Samoça, Lousido, Cruz, Outeirinho, Outeiro, Ribeiro, Igreja, Hospital, Sub-carreira, Adro, Assento, Sub-devesa, Calvario, Portelada, Bairro, Casas Novas, Moinho de Bairro, Eiras, Barroco, Engenho, Portelinha, Vila Boa, Fonte Estevão, Fun’de vila, Poça do Torto, Roferta, Serrinha, Ribeira.

 

Gontim, Santa Eulália

Não refere lugares.

 

Medelo, S. Martinho

Crujeira, Vinheiros, Carvalhinho, Rielho, Ordem, Sueiro, Bouça, Vale, Sub-rego, Casal, Ascenção, Batoca, Assento, e as herdades de Bouça, Rio.

 

Monte, S. Miguel

Igreja, ou Assento, Casal de Estime, Luilhas.

 

Moreira de Rei, S. Martinho

Assento, Moreira de Rei, Marinhão, Areal, Portela, Barca, Feira, Foral, Bemposta, Vilela, Soutelo, Cortinhas, Val-Tulha, Eira-doniga, Vila Pouca, Barbosa, Fontela, Parrainha.

 

Passos. S. Vicente

S. Vicente de Passos, Assento, Lustoso, Cima de Vila, Areal, Ermo e Cubiça, Eiras, Tear e Fun’devila, Ovial, Outeirinho, Pedra, Passo, Abelheira, Lages, Portela, Costa e Crasto, Antadega, De Goiva, Bairro e Torre.

 

Pedraido, S. Bento

Souto, Fun’devila, Pontido, Vale, Moreira, Quintans, Roda, Via Cova, Val de Cima, Barras, Veiga de Cima.

 

Queimadela, S. Pedro

Assento, Meixedo, Argonde, Calcões, Cheda, Pontido, Repulo, Ribeiras, Santa Cruz, Vila Franca.

 

Quinchães, S. Martinho

Eirós, Serrinha, Pica, Veiga, Agrelo, Ranha, Cavadas, Ribeirinhas, Tomada, Docim, Assento, Lavandeira, Torre, Costeira, Outeiro, Cortegaça, Portela, Casadela, S. Lourenço, Montim.

 

Regadas, Santo Estêvão

Doroso, Arida, Outeiro, Fundevila, Lamela, Loureiro, Paço, Ribeiro, Quintela, Cortinhas, Deveza, Saibro, Sardadelo, Travecelas, Entre-Devezas, Padrões, Quinta e Balsa, Boucinha, Ribeiras, e as quintas de Vocal e Telhado.

 

Revelhe, Santa Eulália

Revelhe, Assento, Goival, Canto, Outeirinhos, Lamela, Sobradelo, Galinhoso, Miguel, Reguengo, Louredo, Quintães, Cortegaça, Lamelas, Baluzal, Outeiro Mau, Souto, Crasto, Cacho.

 

Ribeiros, Santa Maria

Assento, Veiga, Herdade, Ponte, Portela, Crasto, Torre, Ribeiro, Verão, Berranca, Recovelas, Passos, Deirão (ou Leirão?), Recouco, Real, Felgueira, Casal, Cima de Vila, Redondelo.

 

S. Gens, S. Bartolomeu

S. Gens, Mosteiro ou Assento, Gondim, Vale, Penedo das Pombas, Ribadeiras, Falperra, Chãos, Estremadouro, Cerca, Cazelhos, Real, Campo, Pontinhas, Motreno, Campo de Cima, Gervide, Bairro, Rio, Monte, Vilares, S. Lourenço, Boucinhas, Casais, Torrão, Ruivães, Souto, Coroado, Deveza, Paredes, Povoação, Burgueiros, Vilela, Portela.

 

Seidões, S. Martinho

Assento, Seidões, Souto, Vilar d’Oufe, Bouça, e as quintas de Souto Cabral, Cima de Souto, Cruz.

 

Serafão, S. Julião

Assento e Gondiães.

 

Silvares, S. Clemente

Abarinho, Pinheiros, Balbom, Crasto, Boucinha, Cortinha, Mulêle, Outeiro-Longo, Pousada, Figueira, Lama, Passo, Veiga.

 

Silvares, S. Martinho

S. Martinho, Ortezedo, Levadinha?, Casadela, S. Miguel, Covas, Outeirinho, Campo, Requeixo, Tresmil, Barreiro, Outeiro, Sobradelo, Nogueira, Cortes, Padreira, Assento, Barzia.

 

Travassós, S. Tomé

Requeixo, Lestides, Cobelo, Vilar, Bouças, Custeira, Vizela, Ponte, Moinhos, Sanfins, Seiras, Barrinhas, Ribeiro, Soutinho, Outeiro, Freixo, Quintais, Linhares, Santos, Atalaia, Gontinho, Casinhas, Souto, Macieiro, Castanheira, Compostela, Pena, Samorinha, Varzea, Lage, Lagieto.

 

Várzea Cova, Santa Maria

Varzea Cova, Bastelo, Lagoa, Cerdeira, e os casais do Outeiro e Facha.

 

Vila Cova, S. Bartolomeu

Vila Cova, Assento, ou Igreja, Valado, Passos, Lameira, Cotelhe, Touriço, Outeiro, Casais, Padinho, Crujeira, Valdelhe, Lamas, Bairro, Moure, Castanheira, Sancha, Rio, Loureiro, Fornelo, Portela, Boa Vista, Outeiro, Carvalhal, Calçada, Quinta Má, Aidro, Lata, Portelinha.

 

Vinhós, Santo Estêvão

Assento, Sernadelo, Carvalho, Casa Nova, Outeiro da Linha, Outeiro da Vinha, Godim, Lagar, S. Mamede, Campo, Adegas, Outeiro, Deveza.