FAFE
É
moderna a vila deste nome, pois data apenas de 1840, mas não assim o concelho,
a que já D. Manuel deu foral em 1513, chamando-se então de Monte Longo. Se
quiséramos buscar mais títulos de antiguidade de Fafe, encontrá-lo-íamos e
indubitáveis, quer entroncando a origem do seu nome no do rico homem e alferes
mor do conde D. Henrique, D. Fafes Luz – princípios da monarquia – quer
investigando do período romano, já devassando mesmo a nebulosa escuridão dos
tempos pré históricos à luz de mais que um documento coevo dessa idade, como
seja por exemplo o menhir de Cepães ou a estatua de Santo Ovídio.
Mas quer
o leitor saber a minha opinião a este respeito? É que deixemos esse conspícuo
assunto para o Sr. Vilhena Barbosa, se s. ex.ª quizer encarregar-se dele na sua
alta competência, e que vamos nós ambos por estas estradas fora ouvir no
rosicler da madrugada cantar a cotovia,
nas luarentas noites o gorjear dos rouxinóis. Isto sem enternecimentos líricos,
que não é para pieguices esta boa terra, cujo nome instintivamente traz a ideia
aquele esplêndido tipo do Morgado,
que fez por tanto tempo as delicias das plateias, em que nossos pais eram
janotas… bécarre, - como hoje diz que
não quer passar por tolo perante a civilização… boulevardiére.
Olhe,
meu caro, esta boa terra de Fafe é assim : pão pão, queijo queijo – portuguesa
de lei, hospitaleira, franca até à rudeza e capaz também de pôr um bom cacete
de cerquinho, a sua justiça deles, onde el-rei não haja posto a sua própria.
E é que
a espada vai na burra, e nada por
isso de contrariar a altaneira Fafe. Mas é de simpatizar, não é verdade?
Eu, de
mim, quando ao regressar de Basto, em uma das excursões que fiz pela província,
cheguei ao alto da Gandarela e avistei a larga bacia enflorada de esmeraldas,
em que assenta a maior parte do concelho, paisagem onde a luz ri e a água
brica, tive a compreensão dessa alegria máscula e saudável, deparando no vale
extenso e nas montanhas rudes com o aspecto de uma natureza, que é ao mesmo
tempo ubérrima e alegre, forte e expansiva. Aí tem o homem explicado pelo meio.
*
* *
Ao
descer a Gandarela nos torcicolos, que a estrada vai abrindo por entre a urze
rasteira, a freguesia rural que mais próximo nos fica é a de MOREIRA DE REI,
solar, segundo cremos, do ilustre visconde deste título, que o país conhece
como um dos mais intransigentes oradores parlamentares. Aí tem o leitor um
exemplo vivo, do que lhe disse ainda há um instante, - a representação do meio
pelo homem. Veja se o visconde de Moreira de Rei, expondo chãmente e sem papas
na língua os vícios da administração pública, não é o que se pode chamar um
português à antiga, como os seus patrícios de Fafe, de quem ele tem sido tantas
vezes o genuíno representante em cortes. Moreira chamada do rei, por ter sido
couto do monarca, tendo os privilégios das tábuas vermelhas de Guimarães, foi
antigamente vila a que D. Afonso Henriques deu foral e D. Afonso II confirmação
em 1217. É uma terra fértil e abundante em caça, sendo um dos ramos mais
prósperos da sua indústria o da criação dos gados.
Ao norte
confronta com VÁRZEA COVA, sua companheira na industria da criação e engorda do
gado bovino, para o que muito se presta a sua situação em vale cortado pelas
nascentes do Vizela. A esta indústria deve decerto Várzea Cova a sua prosperidade,
pois quase tem aumentado em dois terços a sua população desde 1768 aos nossos
dias. Pelo sul limita Moreira de Rei com a paróquia de S. GENS, cuja matriz o
leitor ali vê à nossa direita, oculta pelas sombras das oliveiras, que mal
deixam perceber a torre de tres campanários, orientada para aquele outeiro
escalvado, que lhe fica em frente, enquadrado em muros de alvenaria a capela da
Senhora do Socorro, uma das mais festejadas pelos fafenses no período alegre
das romarias, o Agosto. Esta matriz de S. Gens era a igreja de um mosteiro
antigo de monges beneditinos, fundado por D. Rodrigo Forjaz. D. Afonso
Henriques o deu aos cruzios, e no tempo dos comendatários o prior João de
Barros à colegiada de Guimarães, que aí ficou apresentado o vigário.
Neste ponto
a serra principia a dizer adeus ao rosmaninho e à urze, e vai cobrindo as
calvas extensíssimas com maciços de arvoredo e logarejos povoados. Justamente
atravessamos neste momento um desses; é o da Pica de QUINCHÃES, freguesia cujo
presbítero se avista próximo, mal dominando a cúpula das uveiras enfestoadas e
das oliveiras sombrias, que lhe vedam quase o panorama do vale.
Passamos
em frente do santuário ou capela da Senhora do Socorro, que o voltear da
estrada parece aproximar de nós, e dispensamos a visita à freguesia de
RIBEIROS, que nos fica encoberta pela colina, por sabermos de antemão que seria
pouco proveitosa a colheita de notas para a nossa carteira de viagem.
Transpomos em breve a Ponte da Ranha e solavanco mais, solavanco menos, eis-nos
em
FAFE
Olhando
das janelas do hotel da Vista Alegre a fisionomia da graciosa vila, que mais de
perto vamos analisar, o que aliás é fácil e se executa em pouco tempo, porque,
exceptuando a parte que o leitor vê na nossa gravura de página e que é, por
assim dizer, o coração de Fafe, - haja atenção ao relógio da Praça municipal
que lhe marca as pulsações, - a duas ou três ruas mais e a um outro largo se
reduz a topografia local.
Fazendo
essa visita percebe-se bem, que vai numa fase crescente de prosperidade a velha
Fafe e que o elixir da fortuna a remoça deveras; as construções particulares aí
estão na sua abundância para o comprovar, tanto mais que em muitas se lê o
sorriso da abastança alegre, que deve animar a fisionomia dos seus
proprietários.
Os
edifícios públicos, que mereçam especial menção, ainda são poucos, ou quase se
limita o seu número ao belo hospital construído em 1860, no largo de D. Pedro
V, e ao asilo situado na rua de D. Maria Pia. Este último, não tendo a
sumptuosidade material do primeiro, não lhe é de certo inferior nos intuitos
morais e isto basta, para quem deseje avaliar da civilização de uma terra. O
club não falta em Fafe também, elemento de civilização que agremia em
sociabilidade íntima os naturais e os adventícios, centro de recepção, onde
chegam as novidades do mundo, que à noite são discutidas entre um volte de
copas e um cálix de genebra. Neste meio assim preparado o jornal da terra brota
espontâneo, como um nenúfar nas aguas dormentes de um lago; o club, o asilo, o
município, o hospital, o passeio, a politica, formam os fios desta pequena
lâmpada de incandescência, com artigo de fundo e sala de visitas para high-life da terra, que mão ousada
levanta, para alumiar com intermitências hebdomadárias o caminho do progresso,
em que vai encarreirado o espírito local. Ainda neste ponto Fafe não desmente a
regra; aí tem na imprensa o seu órgão, a voz social, perdão, é melhor pôr a
palavra no plural, visto que Fafe, politica ao ponto de escrever artigos de
fundo… com marmeleiro, não poderia viver sem dois órgãos, um que fosse pelo
grupo A, outro que fosse pelo grupo B.
Mas, que
diabo! Os assuntos, - porque Fafe não é positivamente uma Babilónia, -
esgotam-se depressa, e aí se ficam no marasmo os panfletos vigorosos da
véspera, esperando, ó céus, que uma eleição venha sacudir-lhes os nervos em
crispações de estilo, mais apopléctico na cor, do que o verde de Basto que nos
serviam no hotel. Uma das coisas melhores que lá servem por sinal, se
exceptuarmos o caldo verde primorosamente feito! E valha ao menos isso para
esquecer as alcovas abafadiças e pouco olorosas, as ferroadas de vários
insectos escarlates, o aceio, que falta como para animar o viajante a voltar ao
seio desta frescura de natureza, esquecendo a pouca frescura das hospedarias
minhotas!
Mas
basta de… vistas tristes no hotel de Vista Alegre!
A tela
está vivamente colorida; o quadro ressurge vigoroso de luz e movimentado
largamente. Basta para isso sacrificar um pouco a cronologia e imaginar-se o
meu amigo nos dias 16 de Maio ou 22 de Agosto, assistindo às feiras de ano, que
têm lugar na vila. Na primeira faria um pintor animalista a sua colheita farta,
estudando, esboçando as atitudes das numerosas manadas, que aí concorrem; na
segunda, não menos animada, chamada a feira das cebolas por ser quase
exclusivamente este o género que ali se vende, encontraria um artista
esplêndidos motivos para o estudo, transportando pata o seu álbum os costumes
das lavradeiras, a fisionomia risonha dos burgueses da vila ou das donas de
casa que vêm fazer as suas compras, os carros enfileirados, em volta de que se
agrupam os compradores, as danças, os descantes populares!
Os
descantes!...
Como
eles fazem especialmente deliciosa a noite da véspera, quando, baloiçada nas
ondulações do luar, a alma do grande poeta, o povo, vibra em canções repassadas
de sentimento, e ora soluça, ora ri, nas cordas dos violinos populares,
stradivarios fantásticos, onde a inspiração nativa substitui o talento, a
educação e a arte. Ah, meu amigo, perdoo-lhe o sorriso de ligeira ironia, que
vejo perpassar nos seus lábios, ao lembrar-se de que eu queria apresentar-lhe
talvez, como rivais de Paganini, os meus singelos tocadores de rabeca, vindos a
Fafe para comerciar em cebola!
Perdoo-lhe,
porque não sentiu, como eu, numa dessas estradas, que vão dar à vila, alta
noite, quando a natureza dormia beijada pelo luar, a emoção misteriosa, que vem
para o nosso espírito, dessa musica tão simples e ao mesmo tempo tão profunda,
voz melodiosa que parece traduzir um sonho dessa vegetação que segreda na
sombra, dessas correntes de agua que têm quase medo de murmurar, dessas
montanhas elevadas que indistintamente se fundem no escuro!
*
* *
E agora,
meu caro, para fora da vila.
É bem
formosa a estrada de Felgueiras, para que de todo a esqueçamos e nas suas
margens assentam povoações pitorescas, de que precisamos ter noticia.
Imagine
a paisagem iluminada pelo sol de um fresco dia de Abril.
Deixa as
ultimas casas de Fafe, a estrada desce, as macieiras em flor cortam, como um
sorriso alegre, o verde escuro dos outeiros, e o claro esmeralda das campinas.
Aí tem, sobre uma elevação, a pequenina capela de S. José e logo em baixo,
quando a ponte nova salta sobre um afluente do Vizela, as aguas, que se
despenham tremulas, em uma cascata formosa, os olmeiros subindo ao alto, os
penedos cobertos de vegetação simulando ilhotas em agrupações tão artísticas,
que a gente tem vontade de as meter na mala para adornar com elas a nossa
habitação na cidade.
Á
esquerda, na encosta, aparece luzente e branca a torre paroquial de ANTIME,
sobressaindo como o pescoço de um cisne, ao de cima das aguas esverdeadas de um
lago! E é-o, mas de vegetação esse que ondula desde a colina à ribeira, onde
Antime vem dar as mãos a Fafe, se como tais quiser o leitor considerar as
guardas das pontes nova ou velha lançadas sobre uma origem do Vizela.
Urge
acrescentar: corroborando a união física, a união moral tem, além de todos os laços
administrativos, políticos e comerciais que prendem as duas freguesias, um
elemento poderoso de consolidação a garanti-la. Adivinha de certo que é o
elemento religioso? Justamente; é a Senhora de Antime, da Misericórdia ou do
Sol, pois pelos três nomes é conhecida, quem se encarrega de unir para a vida
e… para a festa as duas amáveis visinhas. Garantia de peso aliás, porque a
padroeira de Antime, de bom granito metamórfico, orça pelas suas oito arrobas,
afora o andor tambem de pedra que pesa outras tantas, pouco mais ou menos!
Um doce
fardo ainda assim para os oito valentes rapagões, que a conduzem, esperançados
em que, tendo sido condutores da santa, serão bem sucedidos mais tarde na vida
matrimonial! Dir-se-ia que é uma experiencia para avaliar o fardo pesado do
casamento! E tanto mais, que apesar da sua valentia, por vezes tem acontecido
ficar algum esmagado debaixo do andor e da imagem!
É no 2º
domingo de Julho, leitor caro, que esse festival de confraternidade ocupa as
duas freguesias. Logo de manhã se celebra missa e sermão na igreja paroquial de
Antime, vindo depois a Senhora em procissão pela ponte velha até ao largo de
Portugal, onde Fafe a vem condignamente receber, e onde processionalmente a vem
entregar à tarde, depois de lhe haver cantado outra missa e pregado outro
sermão. Este segundo encontro marca a hora fastigiosa do grande arraial, que aí
se forma, e onde o leitor póde encontrar gente de todas estas redondezas, sobre
que a sua vista se espalha neste momento.
Não
faltam lá os de ARMIL, uma freguesia que se oculta entre os arvoredos, que nos
ficam sobre a direita, nem faltam os de SILVARES, essas duas paroquias cujas
igrejas vemos sobre a esquerda, a de S. Clemente, modestíssima, uma ermida
quase a meio da colina, espreitando a estrada pelas duas sineiras da sua
torresinha, a de S. Martinho, como se vê na fravura, um pouco mais esbelta, um
agrupamento de casaria na base, um renque de pinheiros dominando-a do alto do
outeiro, contra o qual parece que vai acabar a estrada.
Posto
que o horizonte seja estreito, a paisagem não deixa de ser minhota; vegetação
basta, aguas que serpenteiam por entre os campos de cultura, um ou outro casal
de lavrador erguendo para o azul a ténue colunasinha de fumo!
Com
estes elementos um traço de vigor, que vem das montanhas próximas, e que tira o
amaneirado de écloga pastoril a esta natureza tão sadia e boa, tão produtiva e
alegre. Mas é preciso deixar a estrada para visitar as quatro freguesias que
ficam a sudoeste daquela que descrevemos e que limitam pelo sul o concelho de
Fafe com o de Celorico e Felgueiras. Apreste-se, pois, o leitor para transpor
montes, vales e ribeiros, se quiser conhecer SEIDÕES, uma boa rapariga da
montanha, alegre na sua fertilidade, forte nos seus hábitos de caça. REGADAS,
um quase nada mais selvática, mas por igual fecunda, ARDEGÃO e ARNOZELA, duas
vizinhas que ora se unem para o convívio espiritual e civil, muito amigas
então, anexadas mesmo sob o patrocínio do mesmo orago, Santa Eulalia, ora
rivais e desunidas, ciosas cada uma da sua independência, das suas justiças e
dos seus foros. Um dia, é claro, estas rivalidades desaparecerão e as duas,
porque ambas são pequenas, unir-se-ão definitivamente para a vida social, como
já o estão para as tristezas ou alegrias do trabalho, para os encantos da
natureza solitária e agreste, entre as abas dos montes de Roço e da Esfolhada,
vendo recortar-se nas linhas do seu horizonte vasto as cumeadas da Falperra, de
Montim e da Pedra Quebrada, como de tantos outros ramos que nascem dos grandes
contrafortes da Cabreira.
*
* *
Uma
outra excursão, mas desta vez para o norte, tem o leitor de fazer, se pretende
tomar conhecimento da zona árctica de Fafe, região ubérrima e intensamente
povoada, onde o Vizela teve a poética intuição de nascer, mas onde, à falta de
vias carruajaveis, há que recorrer ao clássico albardão dos cavalos de
alquilador, quando se não tenha coragem e boas pernas para, com auxilio de um
simples pau ferrado, fazer esse passeio um poucochinho longo.
Leitor, vamos
nós a pé?
Não
custa nada, percebes, agora que tens diante de ti o alinhamento corecto do tipo
impresso, e talvez até que seja mais divertido.
Pela
margem do Vizela, ou da mais importante das suas origens, corre para Aboim,
distanciada do rio sensivelmente um quilometro, a velha estrada, que
atravessava e servia deferentes povoações, pondo-as em comunicação com Fafe. É
por essa artéria do antigo concelho de Monte Longo, que ambos vamos jornadear,
não prometendo segui-la em todas as suas sinuosidades e barrancos, já porque
seria enfadonho e atentatório contra a nossa liberdade de touristes, já porque o rio
vai por vezes no vale tão próximo das povoações, que melhor que a estrada nos é
guia seguro neste meandro ajardinado, em que há sombras de arvores e raparigas
alegres, murmúrios tímidos de Arroios e rouxinóis que trovam nos loureiros. Um
edilio, que apenas uma vez por outra a paisagem rude substitui, como para
tornar mais agradável o contraste.
É sem
fadiga que chegamos a MEDELO, e vergoinha seria que assim fosse, visto que não
andámos ainda senão uns dois quilómetros. Nada tem de notável a freguesia, a
não ser talvez o nome, em que se póde ver uma origem árabe, significando
medello, pequena cidade, de que aliás não existe sequer a tradição.
VINHÓS,
uns dois quilómetros adiante, fresca e risonha como uma rapariga de vinte anos,
parece esperar que lhe chegue de REVELHE o noivo apetecido, o trovador de viola
chula, que mais que nenhum lhe enternece a emotividade dos sentidos, algum
rapaz afeito às rudezas da caça, -
abunda, segundo nos informam, nos montados próximos, - algum lavrador com boas
terras de pão, pois é fértil e rico neste sentido tambem o produtivo terreno de
Revelhe.
ESTORÃOS
é outro ponto de paragem; basta visitar a Mourisca, a sua principal herdade, a
um Quilometro e meio do Vizela, para se conhecer quanto vale em fertilidade a
mimosa freguesia. O nome de Mourisca é porventura uma tradição árabe, quem sabe
se ligada a algum drama de amores, à existência de algum sonho oriental que
entreabriu a corola perfumada debaixo deste azulino céu, para logo mergulhar,
como as mouras encantadas, nas aguas do rio para atingir ao menos o lugar do
Souto, o principal da freguesia. O nome parece traduzir a rudeza da aldeia;
seja por isso ou não, o facto é que a sua população, pouco numerosa, como que
testemunha a crueza do clima e as ingratas condições do solo. O mesmo sucede à
sua vizinha FELGUEIRAS, que na estrada para Aboim encontramos; é a menos
povoada de todas as do concelho.
GONTIM
pouco adianta. Modestíssima e pobre, a situação do seu pricipal lugar, quase
diríamos único, atendendo a que nenhum outro de importância por aí existe, é
próximo da velha estrada que nos conduz à antiga freguesia de ABOIM, acantonada
entre dois montes, vertentes da Cabreira, mais inclinada já para a bacia do Ave
do que para a do Vizela, que no seu território adquire as suas primeiras
origens. Pertenceu ao antigo concelho de Cabeceiras de Basto, e passou a Fafe
em 1853. O que de mais notável há em Aboim para ver é sem dúvida o templo da
Senhora da Lagoa, se não pelo que interiormente vale, ao menos pela vastidão do
horizonte que daqui se desfruta. Da imagem, diz a lenda ter sido achada por uns
pastores que andavam neste monte de Aboim, e do que ela hoje vale em devoção
dizem-no as concorridas romagens que aí vão de muitas das terras dos concelhos
de Fafe, Lanhoso e Cabeceiras. Chegados a esse píncaro da serra de Maroiço,
para poente vamos seguir, até que em Freitas encontremos a estrada que de novo
nos há-de conduzir à vila. É árdua a empresa, mas não mais do que o foi para
chegar até este ponto.
S.
MIGUEL DO MONTE, aí está já encoberto pelas suas carvalheiras e pinhais, rude,
silvestre, debruçando-se sobre a altíssima varanda da montanha, vendo o Ave a
deslizar lá em baixo e as veigas da Póvoa de Lanhoso a sorrirem além na sua ferocíssima
cultura. No seu lugar de Luilhas, informa Pinho Leal, ter uma rapariguita
encontrado, no ano de 1880, uma nascente de água mineral, emergindo de rocha, a
qual o povo diz ser eficacíssima para a cura de moléstias cutâneas. O povo, na
sua credulidade supersticiosa, chama-lhe já os banhos de S. Silvestre, por
acreditar que aí próximo esteja enterrado o santo; o sitio, apesar da sua
aridez, é já concorrido na estação balnear, formando então como que um
acampamento provisório. Vizinha de S. Miguel do Monte fica a populosa
QUEIMALELA, freguesia cuja antiguidade ascende até aos princípios da monarquia,
mas nem por isso menos remoçada e alegre na sua vegetação fecundíssima.
Vão-se
amortecendo as ravinas agudas da montanha; o Ave corre em baixo, plácido e
dormente, e a frescura dos vales substitui a urze dos elevados píncaros. Assim
nos aparece AGRELA, numa deliciosa situação, mal chegando a gente a
persuadir-se que este mesmo límpido sorrir da natureza presenciasse em 1846 um
desses dramas sanguinolentos, que tanto perturbaram o nosso desgraçado país.
Lancemos um véu sobre as atrocidades cabralinas que se praticaram neste sitio, e tomemos
depressa o caminho de SERAFÃO, onde está já em construção a estrada que vai ao
santuário de Porto de Ave e pela qual descemos a FREITAS, depois de rodear o
monte do Fojo. É aí o solar dos Freitas… mas toda a heráldica que íamos neste
momento inventariar, fugiu espantadiça perante uma voz argentina que se
levantava de entre os milheirais e que mais prazer temos em ouvir, do que em
recordar quantas estrelas de ouro em campo de púrpura os Freitas tinham no seu
brasão.
Numa
toada amorosa, essa enamorada, - que o é por certo e que se pressente
acompanhada, - diz na sua voz de prima-dona de aldeia:
Por mais que meus olhos busquem
Onde entregue o coração
Não há olhos que me agradem
Como são os de João.
O
patife, na outra orla do campo, assim lisonjeado por aquela confissão à
queima-roupa, vai apanhando vagarosamente o pendão do milho, como quem está
certo da conquista:
Ó minha linda pombinha
Toda ternuras e ais
Tu sabes de quem eu gosto
Escusas de dizer mais.
E nesse
desafio vão os dois aproveitando o tempo, e deixando falar o coração, o musculo
talvez que por ser oco mais se parece com a laringe, na expressão sonora dos
cantares amorosos. Pan, o deus alegre das florestas, que te conte o resto, meu
amigo, se por acaso desejas saber no que terminou esse fasear de rouxinóis em
plena liberdade, novos ambos, e sob um céu cálido de Agosto.
A minha
missão é a de fazer parar em TRAVASSÓS, ou Travaços, para aí te referir a sua
antiguidade, superior à da monarquia, e acrescentar que foi aqui o solar dos
Travaços, contemporâneo de D. Sancho I e D. Afonso II; senão para isto, ao
menos para te fazer a história de um testamento, cujo legatário, desta freguesia
natural, deixou aí o seu nome gravado nas letras do ouro mais indelével, que
jamais a posteridade esquece. Foi em 1874 que faleceu em Lisboa António Joaquim
Vieira Montenegro, natural deste concelho e freguesia, negociante no Rio de
Janeiro, onde o seu testamento foi aberto. De entre os legados que aí se
encontram avultam, entre outros, os seguintes: 2:000$000 réis para o hospital
de Fafe, 14:000$000 réis à câmara municipal para mandar construir um asilo para
meninas pobres do concelho, e 7:000$000 réis para edificar em Travassós uma
casa para escola do sexo masculino.
Se no mundo
de além túmulo pudera sorrir esta alma como seria de infinito prazer o seu
sorriso ao sentir chegar até si o coro abençoado, que nesta alegre estação,
aberta à locomotiva do futuro, soltam os pequenos operários na soletração do a
b c.
Que o
exemplo frutifique e o espírito dos que podem, se inunde destes momentos de
imaculada alegria, tal foi o desejo expresso em nossa alma, quando avistámos
essa casa cor de rosa, enfestoada de trepadeiras, onde o nome de um benemérito
luz, como estrela inextinguível, na formosa via láctea da civilização. Com o
cérebro assim docemente comovido, a gente mal repara na importância de
Travassós, na sua indústria de chapéus de palha tão largamente disseminada, e
quase até nas freguesias próximas, especialmente em VILA COVA, que nos fica
perto e na graciosa S. VICENTE DE PAÇOS, cujo campanário mal se divisa na
colina fronteira, assoberbado pela vegetação que o rodeia.
Em Paços
está a casa do Ermo, de que foi fundador o capitão de Malta e abastado
proprietário Rozendo Lopes, pai dos Vieiras de Castro, que tanto se nobilitaram
nas campanhas da liberdade, sendo
Antonio ministro em 1836, José tenente de voluntários durante o cerco do Porto
e Luiz desembargador da Relação, depois de haver pertencido ao batalhão
académico. Este ultimo era o pai do desditoso Vieira de Castro, esse
formosíssimo talento, que a morte roubou depois de ter sido antes apunhalado
pelo infortúnio.
Estamos
chegando à vila de FORNELOS quase nos esquecia! A culpa é dela também, que não
sabe fazer falar de si e que nem ao menos tem a amabilidade de vir poser diante do viajante, que percorre a
estrada que vem de Travassós.
E
eis-nos outra vez no Hotel da Vista Alegre, onde nos resolvemos a não descansar
o pão-de-ló de Fafe.
*
* *
A
estrada para Guimarães é um encanto, e com uma feiticeira de ordem tal não há
tréguas a conceder ao músculo que se fatiga! Veja aqui já ao sair de Fafe, como
estas ruas Formosa e de Baixo formam um delicioso boulevard, ornamentado com as suas vivendas esmeradas e graciosas,
de onde a onde espreitando por entre as uveiras em festão! Depois a posição
pitoresca da capelinha de Santo Ovídio, que figura em uma gravura nossa, tirada
do lado da Ponte de Bouças, convidando a uma romaria folgasã, senão que, para os
que forem estudiosos, a trabalhos sérios de investigação, pois se tem
encontrado aí antiquíssimos objectos do mais importante talvez dos quais, uma
estatua calaica, está de posse o distinto arqueólogo dr. Martins Sarmento. Aqui
temos já Vilar, pertencente a GOLÃES, onde se festeja pomposamente o S.
Lourenço, aquele que diz o anexim:
Por S.
Lourenço
Vai à
vinha
E enche
o Lenço
Sinal de
que a uva amadurece e que para breve estão as alegrias da colheita.
Lá está
a igreja paroquial na encosta à nossa direita, vendo em baixo deslizar o Vizela
no fundo desta bacia atapetada de arvoredo, tão denso e tão basto, que mal se
ente vêm os casais, dispersos pela colina. Foge-nos depressa o encantador
valesito, mas nem por isso nos foge esta luxuriante vegetação do Minho; parece
que vamos caminhando por entre um canal de verdura, e quando queremos, no fim,
apanhar outra vez o golpe de vista dessa formosíssima bacia, a encosta, melhor,
as suas paredes, são as que logramos ver, coroada a do sul pelo cemitério novo
de CEPÃES, cujo eremitério fica um pouco mais na baixa, ao lado desse Vizela,
que vai passando, cada vez mais formoso, o patife, sorrindo ironicamente
talvez, dos lamentos com que Cepães chora a sua perdida honra, - sem
trocadilho, porque o foi antigamente, sendo donatários os condes de Unhão e
tendo até por isso o seu juiz ordinário e dos órfãos, chegando D. Afonso III a
dar-lhe foral em Março de 1251. O leitor sabe também já, que se Fafe póde
entrar pela pré historia dentro, assim como quem entra por sua casa, o deve em
parte a esse monumento megalítico de Cepães, o menhir, a que se referem alguns
arqueólogos nossos, entre eles Filipe Simões e Pereira da Costa. Os frades
bentos de Pombeiro eram os que em Cepães apresentavam o vigário, padroado que
lhes não rendia menos de 300$000 réis, produto dos dízimos da freguesia. Diz
Pinho Leal, que a causa disso fora o estar sepultado em Pombeiro o conde de
Barcelos, D. João Afonso de Albuquerque, pai e sogro do infante D. Afonso
Sanches; mas é de acreditar que esta doação venha de mais longe e seja
compreendida talvez naquela que a rainha D. Tareja, mãe de D. Afonso Henriques,
fez ao convento de Pombeiro, «de quanto
possuía dentro dos coutos de Avizella.»
Assim ou
não, o que parece provável é, que à vizinha freguesia de FAREJA venha o nome
antes de Tareja (Teresa), do que do vocábulo árabe Taruja – prazer – segundo
pensava Pinho Leal, que assim a denomina povoação do prazer. Há também, e com
sólidas razoes, quem julgue ser Tareja a antiga cidade de Aufrazia, fundada
alguns séculos antes de Cristo e destruída pelos árabes em 965. Um dos
argumentos é a descoberta que aí se fez, nos finais do século passado, de umas
setenta sepulturas de remotíssima origem. No concelho de Felgueiras teremos ocasião
de voltar a este ponto, e por isso o leitor nos relevará da falta cometida
agora, se falta é, pois que à sua competência especial deixando o problema para
resolver. Incapazes nos sentimos para tão árduo estudo, agora sobretudo que o
nosso intento de apresentar-lhe Tareja, assim à vol d’oiseau, está conseguido,
enquanto vimos jornadeando por esta deliciosa estrada, de onde as suas colinas
e vales mal se avistam, pois mais vizinha é a linda Tareja da estrada de
Felgueiras, do que desta, em que nos encontramos.
O sitio
que atravessamos neste instante é a Ribeira Nova, por onde Golães confina com
S. ROMÃO DE ARÕES, cuja igreja vê o leitor levantar-se mesmo ao pé da estrada,
a bela torre de dois campanários, como um binóculo de campo, espreitando toda
esta nova e fresca bacia, estendida em frente do elegante cruzeiro.
Duas são
as Arões, uma tendo como orago S. Romão, a outra Santa Cristina, que mal se vê
da estrada. A sua situação, porém, é quase a mesma, ea sua vizinhança
germana-as por isso, como os seus nomes o fazem já. Se um outro laço fosse
preciso, aí o encontrava o leitor nesta via-sacra de Santo Antão, que ao passar
a Portela de Arões se levanta no outeiro sagrado. Onde vem as procissões das
duas freguesias homónimas. Reproduziu-a o lápis do meu companheiro de viagem, e
eu sinto, leitor, não poder traduzir-lhe por igual as impressões que essa
colina sagrada, alumiada por uma luz frouxa de crepúsculo, deixou no meu
espírito, naquele instante, não sei por que obstinação psicológica, pensando no
glorioso centenário de 1789, que vem próximo.
Dos
devaneios me tirou o chocalhar alegre de umas campainhas, que vinham próximo e
o estrepitoso rodar de uma diligência que passava. Era «O velocípede» que vinha
de Guimarães, com quatro passageiros sonolentos, e duas lavradeiras na
almofada, o tejadilho coberto de malas de couro, o cocheiro fazendo estalar a
pita do chicote e a sua praga favorita!
E pois
que o Velocipede passa, e breve desaparece em uma curva da estrada, quando eu
transponho os últimos limites do concelho, cumpre-me aproveitar à boa e alegre
Fafe.
*
* *
Seguem
as notas, que podem dar sobre o concelho a síntese mais aproximada do seu valor
económico e social.
Dois
jornais representam Fafe na arena da imprensa, tendo ambos pouco tempo de
existência; intitula-se um Correio de Fafe, de índole progressista, o outro
Jornal de Fafe, de política regeneradora.
As suas
escolas, em número de treze, vão indicadas pela forma seguinte:
Fafe (1º
e 2º graus) para ambos os sexos, Arões, Cepães, Moreira de Rei, S. Martinho de
Silvares, S. Gens, Pedraído, Queimadela, Serafão, Travassós (2) e Várzea Cova.
A estatística do crime marca os seguintes algarismos em relação ao ano de 1880:
foram 23 os crimes cometidos, sendo 3 contra a ordem, 12 contra pessoas e 8
comntra a propriedade. Os réus julgados foram 28, sendo absolvidos 14, 2
condenados a penas maiores e 12 a correccionais. Entre os 28 contavam-se 23
homens e 5 mulheres, sabendo ler 10 e sendo analfabetos 18. Um só era de fora
da comarca.
Sobre a pecuária do concelho diz o relatório
já citado: «Segundo as informações recebidas, há pouca criação de gado bovino,
vendo-se os bezerros e vitelas depois de aleitadas, aqueles para criação e
estas para consumo – sabe o leitor que é afamada a vitela de Fafe – e ambos
ainda de leite para este último fim, sendo mais geral comprar fora o gado já
feito, tanto para trabalho, como para pensar e engordar. É pouco usual a
recreação, a qual quase somente tem lugar para as rezes vindas de Barroso e
Cabeceiras de Basto; a ceva ou engorda do gado bovino é também rara (hoje
menos). Em Fafe, mais que em nenhum dos outros concelhos, se faz reparável a
discordância entre as vacas de criação, que atingem o numero de 2.717 cabeças,
quantidade que nenhum outro acusa, e o numero de 221 crias até um ano
recenseadas; mas este reparo deve desaparecer ou pelo menos perder muito da
importância, notando-se que em Fafe é grande, relativamente aos outros
concelhos, a matança de vitelas, e que até se exportam, pela fama que têm, para
outras localidades.»
O mapa
da riqueza pecuária é o que segue:
Sob o ponto de vista vinícola são as seguintes freguesias as mais produtivas, segundo a memoria por vezes citada: Antime, Armil, Cepães, Estorãos, Fafe, Freitas, Golães, Passos, Ribeiros, Serafão, Travassós e Vila Cova.
Quase
todo o vinho é consumido no concelho, sendo algum que se exporta substituído
por igual importação dos dois concelhos de Basto. As videiras são todas
levantadas em uveiras sobre as arvores que cercam os campos. As castas mais
cultivadas são o azal preto, a borraçal, o espadeiro, o vinhão tinto, a tinta
mole e o souzão.
Fabrica-se
uma espécie de vinho, que é verde e tinto, sendo ordinariamente palhetes,
moderadamente verdes e adstringentes, alguns com cheiro agradável da parra, mas
todos geralmente bons. A média alcoólica é de 6,6 por cento. A vindima começa
no princípio de Outubro, sendo o vinho feito em lagares de cantaria. Não há
escolha, nem separação de uvas. Depois da pisa o mosto entra em fermentação, e
ao segundo e terceiro dia entram por algum tempo os homens no lagar para calcar
o cango, sendo ao fim do terceiro dia, quando o mosto tem perdido a doçura, que
o vinho se envasilha. Na adega não se faz tratamento algum e raros são os que
trasfegam. Os vinhos conservam-se até dois anos não melhorando com a idade.
O preço
dos géneros alimentares é regularmente o seguinte:
Milho
(alqueire) – 640 réis
Feijão
(alqueire) – 600 réis
Batata
(alqueire) – 340 réis
Vinho
(pipa) - 15$000 réis
Galinha
– 320 a 420 réis
Ovos
(dúzia) – 90 réis
A esta
pequena tabela pode o o leitor acrescentar a barateza e e abundância das
frutas, a especialidade do pão de ló, e sobretudo, a deliciosa vitela, que
torna Fafe uma celebridade entre os amadores da carne tenra e branca.
Lugares
por freguesia
Aboim, Santa Maria
Aboim,
Figueiró, Barbeita de Cima, Barbeita de Baixo, Mós, Lagoa.
Agrela, Santa Cristina
Agrela,
Souto, Cabo, Vinhas, Eidos, Aldeia, Portela, Chão do Fojo, Lojas e Ribeiro Gonçalo.
Antime, Santa Maria
Assento,
Porinhas, Docim, Outeiro, Cruz, Badões, Tibães, Portas, Ribeira, e os casais ou
quintas de Quintã, Estris, Ribeiro, Cepeda.
Ardegão e Arnozela, Santa Marinha e Santa
Eulália
Assento,
Feira, Renda, Fragão, Peloale, Estrada, Abelheiro, Vila, Fundões, Ribas, Idães,
Tarcio, Regedoura, Igreja, Fontinhal, Rol de Igreja, Passo, Barroco, Fonte,
Castinheirinhas, Couto, Fundevila, Além; os casais de Aldeia, Abeleira,
Coreigo, Outeiro, Curto, Ribas, Idães, Barroco, Tugal, Palhal, Fonte, Poço,
Portela, Manlheiro, Gira, Cancela, Telhado, Covas, Chaves e a quinta do
Reguingo.
Armil, S. Martinho
Souto,
Retorta, Eira, Assento, Deveza, Cachadinha, Cova, Eidos, Agro, Soutinho,
Abragão, Lameiro, Covo, Boucinha, Portela, Pias, Outeiro, Porfia, Vieira,
Bouça, Seara, Fonte, Pitela, Sobrado, Ribadaes, Lama, Passo, Cortes,
Carvalheda, Quintã, Lamelas, Bacelo, Albergaria, Mures.
Arões, Santa Cristina
Aguiar, Agrelo, Outeiro, Gaia, Ribeira de Além, Barroca, Lama, Quinta, Mata, Carvalho, Pinho, Castanheiro, Talhado, Boa Vista, Mende, Trepeço, Veiga, Capareira, Pena de Galo, Souto Novo, Aguiarinho, Boucinha, S. Pedro, Monte, Cruz, Assento; os casais de Ribeira d’Além, Gaia, Lama, Vila Pouca, Quinta, Pinhoe, S. Pedro, e as quintas e herdades de Veiga, Pena de Galo, e Aguieirinho.
Arões S. Romão
Bouço,
Oleiros, Torre, Ferreiros, Subaco, Venda, Assento, Bouçó, Fontelo, Subtorre,
Pestana, Ribeira, Lage, Estrada, Portal, Penedo, Azenha, Castanha, Traz o Paço,
Quintã, Seara, Lameira, Nogueira, Pinhão, Casa Nova, Estrufans, Souto da
Nogueira, Reguengo, Prelada, Outeirinhos, Crespos, Porto, Carvalhinho, Tomada,
Azebral, Prendal, Outeiro, Monte, Vinha, Paulinho, Penoussos, Rego, Quinta,
Carvalho, Carvalho de Lobo, Portela da Penha, Soutinho; os casais do Souto,
Telhado, Cerdeira, Requeixos, Ribeira, Fonte, Fregim, Logar, Penedo,
Sub-Nogueira, e a quinta ou herdade de Campo.
Cepães. S. Mamede
Moinhos
de Baixo, Moinhos de Cima, Rans, Belide, Passo, Fonte, Sobrefonte, Barroca,
Vinha, Retorta, Soutinho, Carneira, Cruz, Traganhal, Pereirinha, Boa Vista,
Martins, Bacelo, Devezinha, Casa Nova, Alminhas, Retortinha, Almuinha,
Cesteiro, Casa Nova do Soutinho, Soutinho, Bandões, Carreira, Além, Outozelho,
Cancela, Boucinha, Telhado, Bouça, Raposeira, Pinto, Santeiro, Souto, S. Paio,
Soutelo, Soeiro, Martinho, Deveza, Castonado, Nogueiras, Portela, Lage,
Calçada, Pombeira, Pombeirinha, Capela, Assento, Igreja.
Estorãos, S. Tomé
Costa,
Cabeceiros, Cabornegas, e as herdades de S. Simão, Passos, Bairro, Turnadouro,
Quintela, Barroca, Lis, Fundelo, Cancela, Outeiro Alto, Quintãs, Lamas, Groiva,
Estrada, Vilares, Pena Grande, Ribeira, Torre, Baceiros, Sargaça, Ermo,
Outeiro, Mourisca.
Fafe, Santa Eulália
Compreende
esta freguesia, além da vila, os lugares de Bouça (Bouças), Agrela, Fafòa,
Crasto, Calbelos, Sá, Feira Velha, Concelho, Travessa Nova, Ponte da Ranha,
Cham de Bouças, Santo, Seara, Corredoura, S. Gemil, Tojal, Devezinha, Portugal,
Moinhos da Ponte e Ferro, Pardelhas e Assento.
Fareja, S. Martinho
Assento,
Bacelos, Marco, Fun’devila, Areal, Moinhos de Fun’devila, Moinhos da Igreja,
Moinhos da Casa Nova, Moinhos Novos, Pizão, Guimaterra, Casal, Eido d’Além,
Palhaes, Loge, Padrão, Tive Quinta, Lagoas, Regato, Bouça, Montinho, Porfias,
Gandra, Guntão, Monte, Portela, Cruz, Vinha de Pedra, Hospital, Paço, Pousa,
Cauna, Ribeirinha, Santinho, Ribeira, Ribeira d’Além, Residencia.
Felgueiras, S. Vicente
Não
refere lugares.
Fornelos, Santa Comba
Assento,
Ribeiro, Barroca, Veigas, Fervença, Passô, Casas Novas, Outeiro do Casal,
Carvalhal, Cima de Vila, Carvalhinhas, Val Escuro, Vinhas, Riélho, Fornelo, Via
Cova, Corredoura, Torre, Quintã e luz, Panelada, Fontelho, Veiga.
Freitas, S. Pedro
Assento,
Corvo, Tabaço, Portela, Paço Vilas, Estrada, Pardieiras, Tapada, Santo Antonio,
Sobreira, Bouça, Botoca, Cruzinha, Boa Vista, Outeiro Alto, Vigogem, Redondo,
Pinheiro, Eirinhos, Perteira, Souto de Pereira.
Golães S. Lourenço
Ponte de
Bouças, Romeu, S. Gidos, Gaia, Barziela, Soutelinho, Fontelas, Pequite,
Magurra, Vilar, Eira Vedra, Cima de Vila, Souto, Casal de Grilo, Paroquia,
Subaco, Torre, Quintã, Lameiro, Samoça, Lousido, Cruz, Outeirinho, Outeiro,
Ribeiro, Igreja, Hospital, Sub-carreira, Adro, Assento, Sub-devesa, Calvario,
Portelada, Bairro, Casas Novas, Moinho de Bairro, Eiras, Barroco, Engenho,
Portelinha, Vila Boa, Fonte Estevão, Fun’de vila, Poça do Torto, Roferta,
Serrinha, Ribeira.
Gontim, Santa Eulália
Não
refere lugares.
Medelo, S. Martinho
Crujeira,
Vinheiros, Carvalhinho, Rielho, Ordem, Sueiro, Bouça, Vale, Sub-rego, Casal,
Ascenção, Batoca, Assento, e as herdades de Bouça, Rio.
Monte, S. Miguel
Igreja,
ou Assento, Casal de Estime, Luilhas.
Moreira de Rei, S. Martinho
Assento,
Moreira de Rei, Marinhão, Areal, Portela, Barca, Feira, Foral, Bemposta,
Vilela, Soutelo, Cortinhas, Val-Tulha, Eira-doniga, Vila Pouca, Barbosa,
Fontela, Parrainha.
Passos. S. Vicente
S.
Vicente de Passos, Assento, Lustoso, Cima de Vila, Areal, Ermo e Cubiça, Eiras,
Tear e Fun’devila, Ovial, Outeirinho, Pedra, Passo, Abelheira, Lages, Portela,
Costa e Crasto, Antadega, De Goiva, Bairro e Torre.
Pedraido, S. Bento
Souto,
Fun’devila, Pontido, Vale, Moreira, Quintans, Roda, Via Cova, Val de Cima,
Barras, Veiga de Cima.
Queimadela, S. Pedro
Assento,
Meixedo, Argonde, Calcões, Cheda, Pontido, Repulo, Ribeiras, Santa Cruz, Vila
Franca.
Quinchães, S. Martinho
Eirós,
Serrinha, Pica, Veiga, Agrelo, Ranha, Cavadas, Ribeirinhas, Tomada, Docim,
Assento, Lavandeira, Torre, Costeira, Outeiro, Cortegaça, Portela, Casadela, S.
Lourenço, Montim.
Regadas, Santo Estêvão
Doroso,
Arida, Outeiro, Fundevila, Lamela, Loureiro, Paço, Ribeiro, Quintela,
Cortinhas, Deveza, Saibro, Sardadelo, Travecelas, Entre-Devezas, Padrões,
Quinta e Balsa, Boucinha, Ribeiras, e as quintas de Vocal e Telhado.
Revelhe, Santa Eulália
Revelhe,
Assento, Goival, Canto, Outeirinhos, Lamela, Sobradelo, Galinhoso, Miguel,
Reguengo, Louredo, Quintães, Cortegaça, Lamelas, Baluzal, Outeiro Mau, Souto,
Crasto, Cacho.
Ribeiros, Santa Maria
Assento,
Veiga, Herdade, Ponte, Portela, Crasto, Torre, Ribeiro, Verão, Berranca,
Recovelas, Passos, Deirão (ou Leirão?), Recouco, Real, Felgueira, Casal, Cima
de Vila, Redondelo.
S. Gens, S. Bartolomeu
S. Gens,
Mosteiro ou Assento, Gondim, Vale, Penedo das Pombas, Ribadeiras, Falperra,
Chãos, Estremadouro, Cerca, Cazelhos, Real, Campo, Pontinhas, Motreno, Campo de
Cima, Gervide, Bairro, Rio, Monte, Vilares, S. Lourenço, Boucinhas, Casais,
Torrão, Ruivães, Souto, Coroado, Deveza, Paredes, Povoação, Burgueiros, Vilela,
Portela.
Seidões, S. Martinho
Assento,
Seidões, Souto, Vilar d’Oufe, Bouça, e as quintas de Souto Cabral, Cima de
Souto, Cruz.
Serafão, S. Julião
Assento
e Gondiães.
Silvares, S. Clemente
Abarinho,
Pinheiros, Balbom, Crasto, Boucinha, Cortinha, Mulêle, Outeiro-Longo, Pousada,
Figueira, Lama, Passo, Veiga.
Silvares, S. Martinho
S.
Martinho, Ortezedo, Levadinha?, Casadela, S. Miguel, Covas, Outeirinho, Campo,
Requeixo, Tresmil, Barreiro, Outeiro, Sobradelo, Nogueira, Cortes, Padreira,
Assento, Barzia.
Travassós, S. Tomé
Requeixo,
Lestides, Cobelo, Vilar, Bouças, Custeira, Vizela, Ponte, Moinhos, Sanfins,
Seiras, Barrinhas, Ribeiro, Soutinho, Outeiro, Freixo, Quintais, Linhares,
Santos, Atalaia, Gontinho, Casinhas, Souto, Macieiro, Castanheira, Compostela,
Pena, Samorinha, Varzea, Lage, Lagieto.
Várzea Cova, Santa Maria
Varzea
Cova, Bastelo, Lagoa, Cerdeira, e os casais do Outeiro e Facha.
Vila Cova, S. Bartolomeu
Vila
Cova, Assento, ou Igreja, Valado, Passos, Lameira, Cotelhe, Touriço, Outeiro,
Casais, Padinho, Crujeira, Valdelhe, Lamas, Bairro, Moure, Castanheira, Sancha,
Rio, Loureiro, Fornelo, Portela, Boa Vista, Outeiro, Carvalhal, Calçada, Quinta
Má, Aidro, Lata, Portelinha.
Vinhós, Santo Estêvão
Assento,
Sernadelo, Carvalho, Casa Nova, Outeiro da Linha, Outeiro da Vinha, Godim,
Lagar, S. Mamede, Campo, Adegas, Outeiro, Deveza.